Ontem, à exceção do deputado federal Arnaldo Jardim (PPS-SP) - que elencou alguns princípios como condição para a sua bancada ser favorável à inovação -, os demais representantes partidários evitaram emitir opiniões a respeito, alegando que aguardam por reuniões e articulações de suas siglas para nortear as suas posturas a respeito do tema.
Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente nacional dos Democratas, manifestou por meio da assessoria que o partido fará uma reunião "informal" na quinta-feira, para deliberar a respeito. Isto porque há "posições favoráveis e contrárias no partido", declarou o deputado.
De forma semelhante, o líder tucano, senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), divulgou que determinou ao partido a implementação de um grupo de trabalho, para estudar detidamente o assunto. Segundo o parlamentar pernambucano, é importante tomar ciência do que já existe internacionalmente, de modo a eleger os exemplos que interessam ao Brasil. Por meio da assessoria, o senador declarou que não é contra uma nova empresa, mas avesso ao aparelhamento estatal.
O socialista Jardim considerou equivocado e açodado o gesto do presidente Lula de iniciar o debate sobre as riquezas do pré-sal com a idéia da estatal e de uma possível alteração na Lei do Petróleo. Para ele, essa iniciativa pode ser traduzidas pela metodologia de por a "carroça na frente dos bois", uma vez que priorizou a estrutura em lugar do conteúdo. "Primeiro temos que mensurar o tamanho das reservas, discutir o destino dos recursos e precisamos considerar que a Lei do Petróleo, que está em vigor há 11 anos produziu bons resultados ao país", disse.
De acordo com o líder do PPS, a orientação do partido é a de reivindicar que o lucro que o Brasil venha a colher com as reservas de petróleo, que futuramente serão extraídas do pré-sal, seja investido em políticas estruturantes, sobretudo em " educação, ciência e tecnologia. Nesses termos, o partido está disposto a tomar parte de uma discussão específica sobre o pré-sal".
Outro aspecto que o deputado chama a atenção em meio ao debate diz respeito ao dinheiro necessário para a exploração das jazidas petrolíferas. "O custo de extração para cada barril é de US$ 15", lembra Jardim. A partir desse valor se for multiplicado seja por 30 bilhões ou 90 bilhões de barris, a cifra é astronômica, e até o momento não foi definido de onde sairá o financiamento para a empreitada.
Neste ponto, engenheiro Fernando Siqueira, diretor de Comunicações da Associação dos Engenheiros da Petrobras (Aepet), e conselheiro da Petros (Fundação Petrobras de Seguridade Social), faz duras críticas a atual gestão da Agência Nacional de Petróleo (ANP), quanto aos sinais que a entidade emite sobre a necessidade de envolver o capital estrangeiro na exploração.
Por outro lado, Siqueira diz que a descoberta das jazidas veio em boa hora, pois sem elas, iríamos voltar a ser importadores em menos de 10 anos, com os preços na estratosfera.
Nos domínios do governo federal, as respostas a esse tipo de questionamento estará ao encargo da Comissão Interministerial instituída pelo Decreto de 17 de julho, deste ano, assinado pelo Presidente Lula e pela ministra Dilma Roussef, da Casa Civil.
Por ora são poucas as notícias do andamento do grupo, que tem assentos para representantes, em âmbito ministerial, para as pastas de Minas e Energia, a quem cabe coordenar os trabalhos, do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior; da Fazenda e do Planejamento, Orçamento e Gestão - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e Petrobrás, também fazem parte da comissão.
O mais provável é que o governo federal opte conduzir o assunto em "banho-maria", até o desfecho do processo eleitoral, pois a vontade de Lula, a de instituir uma nova estatal, deixando de escanteio a Petrobrás, está longe de ser pacífico tanto no Congresso quanto em meio aos liames do próprio governo federal.
Enquanto isto, vão surgindo factóides sobre o tema, como a recente decisão do ministério da Defesa de promover uma manobra envolvendo 9 mil militares na região do pré-sal.
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