quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Brasil poderá ter a primeira refinaria sem Petrobras

30/10/08 - Investidores britânicos, espanhóis, brasileiros e do Golfo Pérsico pretendem construir uma refinaria de US$ 3 bilhões no Brasil, a primeira a ser montada no País por uma empresa que não seja a estatal Petrobras em mais de cinco décadas.

A britânica South Atlantic Refining Co já tem aprovação da autoridade brasileira reguladora do setor petrolífero (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) para construir uma unidade de refino perto de Aracaju, capital de Sergipe, com capacidade de processar 200 mil barris por dia de petróleo leve ou pesado em diesel de baixo teor de enxofre, lubrificantes e nafta, informou David Wood, diretor operacional da companhia, em entrevista por telefone.

A pretendida refinaria, com início de produção previsto para 2013, ajudará a atender à demanda dos Estados Unidos e da Europa por diesel com menos de 10 partes por milhão de enxofre, um poluente corrosivo, disse o executivo da empresa britância. O empreendimento também contribuirá para que o Brasil reduza sua dependência das importações de nafta, empregada na fabricação de plástico.

"Construir uma nova refinaria nos Estados Unidos ou na Europa custaria cerca de 50% mais do que no Brasil, supondo que se obtenha aprovação ambiental para instalá-la", disse Wood a partir de Londres. "O financiamento ficou mais difícil devido à crise do crédito, mas também estamos assistindo à queda dos custos potenciais de matérias-primas como aço e engenharia", completou.

As petrolíferas não constróem uma nova refinaria nos Estados Unidos desde 1976 devido à regulamentação ambiental, à oposição local e às baixas margens de lucro. A crise mundial do crédito derrubou bancos, encareceu a tomada de empréstimos e enrijeceu os critérios para a obtenção de crédito.

Os países do Golfo Pérsico estão prontos para entrar com a maior parte dos 600 milhões de euros (US$ 776 milhões) em capital social para a construção da refinaria, disse Wood, que preferiu não identificar as nações. Ele também prevê obter empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) a fim de comprar equipamentos locais como tubulações e tanques.

Os fundos soberanos dos países do Golfo Pérsico também deverão fornecer recursos, disse o executivo da britânica South Atlantic Refining.

Wood prevê processar petróleo bruto do Brasil, da África ou do Oriente Médio, embora a proximidade do petróleo da plataforma continental brasileira torne o produto local a matéria-prima mais provável. A refinaria vai atender os padrões ambientais da Europa e do Banco Mundial.

Fonte:

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A ANP autoriza primeiro acordo do novo modelo

Apesar da Lei do Petróleo prever a unitização em áreas já licitadas, a descoberta de reservas gigantes na camada pré-sal, que poderiam se estender para além dos limites de áreas já licitadas, levantou a polêmica de como e quando deverá ocorrer o processo. A unitização consiste na unificação de mais de uma área de concessão, pelas quais se estenda o mesmo reservatório.

Segundo o diretor da ANP, Vitor Martins, a Agência já autorizou o primeiro acordo de unitização de grande porte no país, com os campos Mangangá e Nautilus, na Bacia de Campos, onde foram identificadas reservas contíguas. Os campos são operados pela Petrobras e Shell e terão desenvolvimento conjunto. As duas operadoras terão um prazo de seis meses para apresentar um plano de desenvolvimento à ANP. Pela divisão, cada uma terá 50% de participação no reservatório comum, parcela que fica atrelada ao percentual de cada empresa no ativo.

Outro processo de unitização está em trâmite na ANP. Devem ser unificados o campo Camarupim (Petrobras) com o bloco BM-ES-5 (Petrobras – El Paso), na Bacia do Espírito Santo.

Regulação

O relatório sobre o marco regulatório para a exploração do petróleo do pré-sal já foi concluído e será apresentado depois das eleições.

10ª Rodada

A ANP vai manter, para dezembro, a realização da 10ª rodada de licitação, apesar da crise que afeta a saúde financeira das empresas.

Fonte:

ANP apresenta unitização até o fim deste mês

Até o fim deste mês, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) terá a conclusão do grupo de trabalho que está discutindo a regulamentação do processo de unitização no país, informou o diretor da Agência, Vitor Martins. De acordo com o diretor, as regras para este processo começam a valer já no início do próximo ano.

“A idéia é que tão logo os trabalhos sejam concluídos, uma pré-minuta circule internamente para aprofundar as discussões. Entre o fim deste ano e início de 2009, devemos colocar a minuta para discussão na sociedade”, disse ontem, durante Seminário Internacional do Pré-sal, no Rio.

Segundo Martins, as discussões para a regulamentação do processo de unitização foram iniciadas em janeiro deste ano e não têm relação com o estudo sobre o marco regulatório, que está sendo elaborado pela Comissão Interministerial.

O executivo explicou que, os estudos sobre a unitização deve ter o período de consulta pública ampliado dos tradicionais 15 dias para 60 dias.

Fonte:

Glossário

Unitização - processo de definição do quanto de petróleo de uma reserva pertence ao concessionário de determinada área quando o campo extrapola a área concedida. Na pratica, a unitização, consiste na unificação de mais de uma área de concessão, pelas quais se estenda o mesmo reservatório

Unitização é essencial para o desenvolvimento do pré-sal

RIO - O presidente do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), João Carlos de Luca, afirmou que a "unitização" - processo de definição do quanto de petróleo de uma reserva pertence ao concessionário de determinada área quando o campo extrapola a área concedida - dos campos de pré-sal na Bacia de Santos é uma questão prioritária para viabilizar o desenvolvimento das áreas.

"A unitização é prioritária porque não se pode iniciar a produção de uma região sem afetar a área contígua", frisou de Luca que participou hoje do seminário "Desafios do Pré-Sal", realizado na Firjan. O executivo se referiu especificamente a regiões onde as reservas de petróleo prosseguem além da concessão para áreas ainda não licitadas, de controle da União.

O presidente da Devon no Brasil, Murilo Marroquim, ressaltou que a unitização, embora prevista na legislação, se torna bem mais difícil quando os campos são contíguos à áreas não licitadas. "Não vejo como fazer a unitização sem investimentos prévios do outro lado", ressaltou, questionando como acontecerá a perfuração de poços em áreas não licitadas.

Marroquim lembrou ainda os riscos de exploração e produção no pré-sal já que, segundo ele, apenas na Bacia de Santos o risco foi próximo de zero. O executivo ponderou que na Bacia de Campos houve furos na região do pré-sal que não se confirmaram como comercializáveis.

"Não podemos extrapolar a verdade de Santos como se fosse a verdade de todo o pré-sal", frisou.

Fonte: - (Rafael Rosas)

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Petrobras encontra mais petróleo ao sul de Tupi

A Petrobras encontrou uma quantidade razoável de petróleo no bloco BM-S-12, ao sul
da Bacia de Santos, e deve realizar uma comunicação oficial ao mercado nos próximos
dias, informou ontem uma fonte da agência Reuters.

A declaração de descoberta de “indícios de hidrocarbonetos” já foi feita à Agência
Nacional do Petróleo (ANP) na segunda-feira, como é de praxe, mas dados detalhados do
achado ainda não foram tornados públicos.

Segundo a fonte, a Petrobras voltou a perfurar um local no bloco BM-S-12 onde no passado já havia descoberto uma pequena quantidade de gás. A estatal tem buscado aprofundar as perfurações mesmo em locais já inicialmente explorados, tentando encontrar novos reservatórios na camada pré-sal.

“Agora, na segunda perfuração, eles encontraram uma boa quantidade de óleo”, afirmou
a fonte à Reuters. O bloco BM-S-12 fica mais próximo da costa do que áreas como Tupi, perto do litoral de Santa Catarina (veja mapa).



Fonte:

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O Brasil do pré-sal

16/10/08 - Nas últimas semanas, o pré-sal tornou-se o assunto da moda. Só se fala no pré-sal, todos conhecem, todos têm a solução e todos sabem onde buscar os recursos e como aplicar essa riqueza que Deus deu ao Brasil. Isso lembra a seleção brasileira de futebol. Todos os brasileiros são técnicos, do presidente ao mais humilde cidadão. É aí que reside o perigo. Porque nem todos nós conhecemos futebol a ponto de escalarmos o melhor time, nem tampouco possuímos a capacidade de dar a melhor solução a um assunto da complexidade do pré-sal. E por que isso ocorre? Porque no Brasil a meritocracia está cada vez mais sendo deixada em segundo plano, em favor das discussões estritamente políticas e ideológicas. Daí o que se vê são pessoas despreparadas tecnicamente e com muito pouca experiência sobre o assunto dando opiniões como se fossem especialistas tanto em pré-sal como em seleção brasileira. Conclusão: foi um vexame o resultado da seleção brasileira na Olimpíada da China e corremos um enorme perigo de que o pré-sal, em vez de ser um presente de Deus, seja obra do diabo.

Para que isso seja evitado, é preciso tomar algumas providências de imediato. A primeira é sermos menos ufanistas. A segunda é nosso presidente ser menos populista. E, por fim, tratarmos esse assunto com mais cautela e precaução. Ou seja, vamos deixar de lado a discussão política e ideológica e substitui-la por uma mais técnica. Para transformar o pré-sal de potencial em verdadeira riqueza, vamos ter de enfrentar dois grandes desafios. O primeiro é o desafio tecnológico. A profundidade em que se encontram os reservatórios de petróleo fará com que a exploração dos campos do pré-sal seja um dos maiores desafios tecnológicos já enfrentados pelas empresas de petróleo. Um dos principais problemas é em relação à composição geológica das áreas a serem perfuradas. Após uma lâmina de água de 2 mil metros de profundidade, é preciso perfurar uma camada de mais 2 mil metros de rochas, e depois ainda mais 2 mil quilômetros de sal. Segundo técnicos, a esse nível de profundidade existe uma pressão intensa e o sal possui características fluidas que dificultam enormemente a perfuração. Outra barreira tecnológica são os dutos que conectam as unidades de produção até as plataformas. Esse talvez seja um dos maiores obstáculos a serem superados. Os dutos precisam ser muito leves, já que serão carregados por navio ou plataforma a que estiverem conectados e terão que resistir a anos de correnteza e corrosão resistindo à presença de dióxido de enxofre que se encontra na camada pré-sal. Enfim, as empresas petrolíferas, incluindo a Petrobras, que talvez seja a mais bem preparada, terão uma tarefa nada fácil para extrair o petróleo da camada do pré-sal de maneira economicamente viável.

O segundo desafio é de ordem econômica. Como e onde conseguir o dinheiro para transformar o pré-sal em riqueza. Os investimentos necessários, calculados por bancos e por inúmeros especialistas, são astronômicos. Variam de US$ 600 bilhões a um US$ 1 trilhão nos próximos 30 anos. Essa variação depende dos volumes de petróleo que poderão ser extraídos. As estimativas são de 50 bilhões a 100 bilhões, a um custo de capital da ordem de US$ 12 por barril. Isso significa de 40% a 60% do PIB brasileiro. Mas, ao invés de estar preocupado em dar solução a esse desafio, o governo fica preso ao discurso de que é preciso garantir que o petróleo do pré-sal, que ainda não existe, seja do povo brasileiro. Dentro dessa linha, propõe a criação de uma nova estatal, recursos para educação, resgate de dívidas sociais, dentre outras promessas políticas. Colocaram o pré-sal no palanque. Para o benefício de todos, é urgente retirá-lo de lá.

O primeiro passo é manter o atual marco legal. Nunca é demais lembrar que, com esse marco legal, a Petrobras alcançou recordes de produção e lucro. Investiram no país cerca de 71 empresas privadas, o país tornou-se auto-suficiente e o campo de Tupi foi descoberto. O atual regime jurídico de concessões dá maior garantia aos investidores, permite parcerias e é o mais transparente no que se refere à captação e distribuição da renda petrolífera que fica em poder do Estado brasileiro. Sendo esse regime jurídico o mais adequado, não tem o menor fundamento econômico, nem tampouco estratégico, a criação de uma nova empresa estatal. A única motivação que enxergamos é a política. Com a estatal, o governo teria mais liberdade de gastar a riqueza do pré-sal em projetos políticos. A nova estatal faz parte de um projeto de poder do atual governo e, com certeza, o pré-sal será um dos grandes temas da próxima eleição presidencial. Quando o governo afirma que se baseia no modelo da Noruega para a criação da nova estatal, tenta nos seduzir com um exemplo de país que possui uma realidade que todos desejamos para o Brasil. No entanto, as declarações lembram mais o modelo venezuelano do que o norueguês. As propostas que fazem sentido são o aumento das participações especiais e capitalizar a Petrobras. A idéia de não utilizar a Petrobras para atingir as metas do superávit primário é boa. É correto, também, o governo adiar as licitações do pré-sal, enquanto não existirem maiores informações de ordem técnica e econômica.

Vamos discutir o pré-sal em etapas. Primeiro, vamos investir no conhecimento tecnológico, na construção de modelos que financiem os investimentos e na segurança regulatória, mantendo o atual regime jurídico de concessões. Depois, vamos discutir a melhor sistemática para distribuir toda essa riqueza para a sociedade brasileira. Com menos politização e menos ideologia, com certeza o pré-sal poderá transformar para melhor o Brasil.


Adriano Pires
Fonte: Gás Net